Editorial

Caras novas, mundo novo

A chegada de uma nova geração sempre gera um choque à anterior. É normal sentir a diferença cultural de ver um grupo totalmente diferente chegando aos locais. A matéria de Maria da Graça Marques na edição de ontem, editoria de Economia, mostra como a Geração Z já está impactando as empresas e a forma de se trabalhar. É uma garotada que já cresceu em um mundo digital e "mais confortável" que o grupo anterior e, na análise do Centro de Integração Empresa-Escola (Cie-e) em Pelotas, não tem medo de experimentar e aprender com os erros, é inclusiva e busca um propósito, além do salário, no mercado de trabalho.

É uma diferença significativa em relação às gerações passadas também pela estabilidade. Criados em um mundo líquido, em constante mutação, com as redes sociais e que desenvolveu-se sendo afetada pela crise econômica da última década e, mais recentemente, a pandemia. Ou seja, criados em um mundo de constante mutação. Por isso, não falta o ímpeto de mudar por si próprios.

Por isso, o mercado de trabalho já precisa se adaptar. Um ponto raramente lembrado é que a geração que está saindo nos últimos tempos das universidades foi quem cresceu vendo promessas de um Brasil que nunca existiu. A crise da última década, entre outros fatores, soterrou muita vaga de emprego, em um momento que se deu quase que imediatamente à expansão do número de vagas nas universidades. Por isso, acaba sendo bastante decepcionante ver que um diploma já deixou de ser o suficiente para garantir uma vaga e que mesmo com especializações e afins, os pagamentos são precários, bem como os vínculos trabalhistas.

Pela liquidez dos tempos pós-modernos que vivemos, onde tudo é feito para andar rápido e durar pouco, tal qual um story na vida digital, talvez por isso haja, também, tanta mudança de carreira. Já não vivemos mais em um momento em que se busca uma carreira inteira dentro de uma empresa. Por isso, as companhias precisam se adaptar também a isso. Quem não entender os funcionários que chegam agora, que se tornarão naturalmente os gestores de amanhã, está fadado a se perder completamente. É um problema apenas achar que uma ou outra geração é melhor ou pior. São apenas diferentes. E tudo passa por essa compreensão.


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